quinta-feira, 28 de março de 2019

Quer ser Buddha? Vira macho! - Um ensaio sobre mulheres, Star Wars e o buddhismo.


Na visão do buddhismo Thevarada, Buddha é aquele que redescobre o ensinamento (dhamma) que conduz à paz (Nibbana) numa era em que o caminho se perdeu. Nós estamos na era do Buddha Sakyamuni, então nenhum ser vivo contemporâneo desta galáxia, independentemente do gênero, poderá se tornar um Buddha. E isso perdurará enquanto o dhamma estiver vivo.


Buddha ensinou, de maneira geral, que mulheres e homens têm capacidade de alcançar a libertação última. Os arahants, aqueles que atingem a paz suprema, chegaram ao mesmo patamar de libertação que o próprio Buddha, sendo dignos de veneração e admiração por toda a comunidade buddhista (sangha). Eles diferem do Buddha apenas pelo fato de não terem descoberto o caminho.


O Buddhismo, por pregar a paz a todos os seres, é seguido por mulheres e homens leigos, monjas e monges.


De acordo com as escrituras buddhistas, Buddha disse que não é possível que uma mulher se torne um Buddha (MN 115 - Bahudhatuka Sutta).


Talvez a explicação mais óbvia para essa afirmação seja de que naquele tempo, há 2600 anos, se uma mulher afirmasse ter atingido a libertação final ninguém lhe daria crédito.



Buddha talvez não soubesse, contudo, que há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante, nasceu a rainha Padmé Amidala, que debutou em Star Wars no episódio I - Ameaça Fantasma.


Padma em sânscrito significa a flor de lótus, uma alegoria búdica. A flor de lótus nasce na lama, mas não se suja. O Buddha surge no samsara e não se macula com as impurezas mundanas.

Amithaba é o nome do Buddha celestial da luz infinita, venerado na escola Mahayana, especialmente na tradição Terra Pura.


A personagem de Star Wars é mãe do herói do episódio IV, Luke Skywalker. Não por acaso o nome Luke vem do grego e significa “iluminado”, um epíteto do Buddha.


O pai de Luke, Anakin Skywalker, foi concebido pela Força, num típico caso de nascimento virgem. Essa alegoria demonstra o poder feminino e a supressão do papel masculino na concepção.



Os três primeiros episódios de Star Wars exibem a gênese do protagonista dos três seguintes, que descende de dois seres especiais.


No mesmo instante em que Anakin Skywalker se perdeu no lado sombrio da força, tornando-se Darth Vader, Padme Amidala deu a luz aos gêmeos Luke e Leia.


Padme Amidala, como Mahamaya, mãe do Buddha Sakyamuni, morreu após o parto.


De acordo com o buddhismo, o útero onde se formou um Buddha não pode abrigar outro bebê, portanto as mães dos iluminados morrem. Devido ao seu grande mérito, Mahamaya renasceu no paraíso de Tusita, um reino celestial de onde os serem não mais retornam e ao fim de sua vida celestial, se iluminam.


O iluminado Luke Skywalker dividiu o útero com a princesa Leia Organa, sua companheira de aventuras a partir do episódio IV.



O ensinamento buddhista (dhamma) têm inspirado milhões de pessoas ao longo dos séculos e, por ser atemporal, seguirá iluminando o caminho que leva à paz.


Star Wars é simplesmente o maior fenômeno cinematográfico de todos os tempos. Uma legião de fãs está espalhada pelo planeta (e talvez até em outras galáxias, nunca se sabe). Os inúmeros mitos abordados na trilogia não apenas contam histórias instigantes, mas também provocam a reflexão a respeito de temas sociais, inclusive sobre a igualdade de gênero.



Em muitos aspectos acima abordados, Star Wars valeu-se da simbologia buddhista, empoderando as mulheres com a Força e dizendo que, sim, elas podem ser o que quiserem, inclusive Buddhas.



Mas a Guerra nas Estrelas, como dito anteriormente, aconteceu há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante. No nosso tempo, aqui e agora, existe um longo caminho a ser percorrido rumo à igualdade de gênero e ao efetivo e pleno exercício dos direitos pelas mulheres.


Que a Força esteja conosco!